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domingo, 25 de dezembro de 2016

Livros de Natal 2016


Mais um Natal que passou e este deixou alguns livros no meu sapatinho, para enriquecer a minha biblioteca e fazer as minhas "delicias".

Eis os livros:



A Bússola de Mathias Enard
Norwegian Wood de Haruki Murakami
Lavoura Arcaica de Raduan Nassar
Quando ela era boa de Philipe Roth
Nem todas as baleias voam de Afonso Cruz
O Físico Prodigioso de Jorge de Sena
Dança no escuro de Karl Ove Knausgärd



O livro do Afonso Cruz que a minha filha Nádia me ofereceu neste Natal, foi ela que fez este belo e original embrulho que muito gostei. Muito obrigado Nádia e que nunca te falte a inspiração artística.


E este embrulho trazia o livro a Bússola que foi oferta de Natal da minha filha Teresa que ela comprou na Livraria Lello no Porto, conforme se pode ver pelo selo da livraria.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A Máquina de Fazer Espanhóis - Valter Hugo Mãe

Dedicatória e autografo do escritor Valter Hugo Mãe.
A Máquina de Fazer Espanhóis

Esta é a história de quem, no momento mais árido da vida, se surpreende com a manifestação ainda de uma alegria. Uma alegria complexa, até difícil de aceitar, mas que comprova a validade do ser humano até ao seu último segundo. a máquina de fazer espanhóis é uma aventura irónica, trágica e divertida, pela madura idade, que será uma maturidade diferente, um estádio de conhecimento outro no qual o indivíduo se repensa para reincidir ou mudar. O que mudará na vida de antónio silva, com oitenta e quatro anos, no dia em que violentamente o seu mundo se transforma? 

Críticas de imprensa

«[...] com este livro, Valter Hugo Mãe aproxima-se a passos largos (e seguros) da maturidade plena.»
Eduardo Pitta, Público

«Um romance poderoso.»
José Mário Silva, Expresso

«Ler vhm é entrar numa viagem feita de imprevisibilidade enquanto estado humano de absoluta surpresa e espanto, de fortuitidade, de acaso, de percurso animado de múltiplos acidentes e peripécias que desviam a personagem de atingir o seu objectivo, atrasando-o, jogando-o por caminhos e situações insólitas e por sentimentos e estados interiores que lhe são totalmente desconhecidos, forçando-o a ceder ou a resistir, a recuar ou a avançar, a hesitar e a conciliar.»
Miguel Real, JL (less)




quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Isabel Rio Novo - Rio do Esquecimento

Autografo e dedicatória da escritora Isabel Rio Novo.
"Para o Francisco, espero que goste de navegar por este rio, com um grande beijinho da Isabel Rio Novo"

Rio do Esquecimento

Inverno de 1864. Sentindo a morte a aproximar-se, Miguel Augusto regressa do Brasil, onde enriqueceu, e instala-se no velho burgo nortenho, no palacete conhecido como Casa das Camélias, com a intenção de perfilhar Teresa Baldaia e torná-la sua herdeira. No mesmo ano, Nicolau Sommersen pensa em fazer um bom casamento, não só para recuperar o património familiar que o tempo foi esfarelando, mas sobretudo para fugir à paixão que sente por Maria Adelaide Clarange, senhora casada e mãe de três filhos. Maria Ema Antunes, prima de Nicolau e governanta da Casa das Camélias, hábil e amargurada com a sua vida, urdirá entre todos uma teia de crimes, segredos e vinganças.
Subvertendo as estratégias da narrativa histórica, com saltos cronológicos que deixam o leitor em suspenso mesmo até ao final, Rio do Esquecimento descreve com saboroso detalhe a sociedade portuense de Oitocentos e assinala o regresso à ficção portuguesa de uma escrita elegante que consegue tornar transparente a sua insuspeitada espessura.

«Uma técnica inteligente, uma bela escrita, um alto voo da imaginação.» 
Mário Cláudio


Isabel Rio Novo nasceu no Porto em 1972. Doutorada em literatura comparada, é docente no ensino superior de Escrita Criativa e outras disciplinas nas áreas da literatura e do cinema. Autora de várias publicações no âmbito dos estudos intermédia, das literaturas portuguesa e francesa e da teorização literária, já integrou o júri de vários prémios literários e de fotografia. Gosta de dizer poesia, embora não a escreva. Como ficcionista, começou a publicar dispersamente desde a adolescência. Em 2004, escreveu a novela O Diabo Tranquilo, em colaboração com o poeta Daniel Maia-Pinto Rodrigues. Em 2005, viu o romance A Caridade distinguido com o Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes. Em 2014, publicou o volume de contos Histórias com Santos. O romance Rio do Esquecimento foi finalista do Prémio LeYa 2015.

Marcador de Livros - Rio do Esquecimento


Marcador de Livros - Isabel Rio Novo com o livro Rio do esquecimento da Editora Dom Quixote.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Paulo M. Morais - Uma Parte Errada de Mim

 Autografo e dedicatória do escritor Paulo Morais.
"Para o Francisco esta -Uma parte errada de mim- com um obrigado pela leitura e um abraço dos certos"

Uma parte errada de mim
Paulo M. Morais

Em meia dúzia de meses, Paulo M. Morais ficou sem trabalho, terminou um relacionamento de doze anos e viu-se obrigado a vender a casa. Embora derrotado pelas circunstâncias, queria estar à altura dessa nova etapa de vida e concentrou-se na missão de cuidar da filha pequena e reatar os laços com a avó centenária que o criara. Sobreveio, então, um estranho cansaço, uma exaustão que a médica de família inicialmente atribuiu às pressões de um ano atípico. Podia ser. E, porém, depois de vários sustos e vinte horas nas Urgências do hospital, a verdade veio ao de cima: tinha um linfoma.
Durante o tratamento de oito ciclos de quimioterapia (em que a leitura foi a sua grande companhia), começou a escrever sobre a sua experiência. Mas este livro, embora inclua dados sobre os exames, os internamentos ou os efeitos secundários da medicação, está longe de ser um diário da doença; representa acima de tudo uma revisitação do passado, uma reflexão sobre o valor da vida e a real importância das coisas e das pessoas, o elogio do amor e da paternidade, uma busca contínua das diferentes partes erradas – e certas – que constituem um ser humano que tem de confrontar-se diariamente com o espectro da morte.
Uma Parte Errada de Mim não é, pois, apenas MAIS um testemunho sobre o cancro. É uma reflexão magistral sobre a condição humana, escrita com a beleza e a cadência de um romance no qual se aguarda um final feliz.


Paulo M. Morais nasceu em Fevereiro de 1972 e cresceu nos arredores de Lisboa entre futebóis de rua, livros de aventuras e matinés de filmes clássicos. Licenciado em Comunicação Social, trabalhou como jornalista em imprensa e multimédia. Cumpriu um sonho de jovem ao fazer crítica de cinema no portal Terravista. Em 2005, pôs uma mochila aos ombros e partiu para dar a volta ao mundo. Oito meses depois, ao regressar, especializou-se nos temas de gastronomia e viagens. Quando finalmente se aventurou na escrita de romances, descobriu uma nova paixão. E nunca mais conseguiu deixar de inventar personagens e ficcionar histórias.

Em Abril de 2013, publica Revolução Paraíso, pela Porto Editora. Em Novembro de 2014 chega a vez de Estrada de Macadame, o seu primeiro romance inédito, ser lançado pela Coolbooks. Entre outros projectos, como o Colectivo NAU – Novos Autores Unidos, está a escrever um Romance Passageiro nas redes sociais, obra de ficção interactiva sem rumo ou final pré-definidos.

Publicou o romance O último poeta, na Poética e, em 2015, foi finalista do Prémio Leya com romance ainda não publicado.

Entretanto, já em 2016, publica Uma parte errada de mim.

Marcador de Livros - Uma parte errada de mim


Marcador de livros do Paulo M. Morais - Uma parte errada de mim da editora Casa das Letras.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

João Tordo - O Paraíso Segundo Lars D.

Dedicatória e autografo do escritor João Tordo no livro O Paraíso Segundo Lars D.

SINOPSE

Numa manhã de Inverno, Lars sai de casa e encontra uma jovem a dormir no seu carro. Ele é um escritor sexagenário e, poucas horas mais tarde, parte em viagem com a jovem deixando para trás um casamento de uma vida inteira e um romance inédito.
Este livro aparece na sequência do livro O luto de Elias Gro e vai sair um terceiro livro em breve, segundo consta talvez lá para Março do próximo ano.





No passado dia 22 de Outubro, o escritor João Tordo esteve na Biblioteca de Santo André para apresentar o seu último livro O Paraíso Segundo Lars D. aos seus leitores e seguidores que apareceram em bom numero, tendo sido uma conferência muito agradável, pois o João Tordo é um bom conversador.


 João Tordo nasceu em Lisboa em 1975. Licenciou-se em Filosofia e estudou Jornalismo e Escrita Criativa em Londres e Nova Iorque. Em 2001, venceu o Prémio Jovens Criadores na categoria de Literatura. Publicou os romances O Livro dos Homens sem Luz (2004); Hotel Memória (2007); As Três Vidas (2008), que recebeu o Prémio Literário José Saramago e cuja edição brasileira foi, em 2011, finalista do Prémio Portugal Telecom; O Bom Inverno (2010), finalista do prémio Melhor Livro de Ficção Narrativa da Sociedade Portuguesa de Autores e do Prémio Literário Fernando Namora e cuja tradução francesa integra as obras seleccionadas para a 6.ª edição do Prémio Literário Europeu; e Anatomia dos Mártires (2011), finalista do Prémio Literário Fernando Namora, entre outros.

Os seus livros estão publicados em França, Itália, Brasil, Sérvia e Croácia. Trabalha como cronista, tradutor, guionista e formador em workshops de ficção.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Marcador de Livros - O Luto de Elias Gro



Marcador de Livro O Luto de Elias Gro de João Tordo

SINOPSE

Numa pequena ilha perdida no Atlântico, um homem procura a solidão e o esquecimento, mas acaba por encontrar muito mais. 
A ilha alberga criaturas singulares: um padre sonhador, de nome Elias Gro; uma menina de onze anos perita em anatomia; Alma, uma senhora com um coração maior do que a ilha; Norbert, um velho louco que tem por hábito vaguear na noite; e o fantasma de um escritor, cuja casa foi engolida pelo mar. 
O narrador, lacerado pelo passado, luta com os seus demónios no local que escolheu para se isolar: um farol abandonado, à mercê dos caprichos da natureza - e dos outros habitantes da ilha. Com o vagar com que mudam as estações, o homem vai, passo a passo, emergindo do seu esconderijo, fazendo o seu luto, e descobrindo, numa travessia de alegria e dor, a medida certa do amor. 

Texto: https://www.wook.pt/livro/o-luto-de-elias-gro-joao-tordo/16343180

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Marcador de Livros - Se Eu Fosse Chão


MARCADOR DE LIVRO - SE EU FOSSE CHÃO DE NUNO CAMARNEIRO

SINOPSE

«Um hotel é um mundo pequeno feito à imagem do outro maior. Nós garantimos que a escala permaneça justa, sem nada aumentar ou reduzir. Não nos peçam para corrigir o que vai torto ou torcer o que anda certo. Servimos os nossos hóspedes e damos-lhes a importância que merecem, ou que podem pagar. O resto pertence à justiça ou à igreja, não somos juízes nem padres. Somos artífices do detalhe e da memória, e não nos peçam mais.»

Num grande hotel, as paredes têm ouvidos e os espelhos já viram muitos rostos ao longo dos anos: homens e mulheres de passagem, buscando ou fugindo de alguma coisa, que procuram um sentido para os dias. Num quarto pode começar uma história de amor ou terminar um casamento, pode inventar-se uma utopia ou lembrar-se a perna perdida numa guerra, pode investigar-se um caso de adultério ou cometer-se um crime de sangue. 

Em três épocas diferentes, entre guerras que passaram e outras que hão-de vir, as personagens de Se Eu Fosse Chão - diplomatas, políticos, viúvos, recém-casados, crianças, actores, prostitutas, assassinos e até alguns fantasmas - contam histórias a quem as queira escutar.

Txto: https://www.wook.pt/ebook/se-eu-fosse-chao-nuno-camarneiro/16489577







quinta-feira, 22 de setembro de 2016

António Maria Eusébio "O Calafate"

Monumento no Jardim do Bonfim em Setúbal de homenagem a António Maria Eusébio, o “Calafate” ou o “Cantador de Setúbal”.
Conhecido por o “o Calafate” devido à profissão de artífice da construção de barcos de madeira e por o “Cantador de Setúbal” pelo tema, quase constante dos seus poemas: a cidade de Setúbal que tanto amou.
 A estátua foi inaugurada em 29 de Dezembro de 1968, por iniciativa do Rotary Club de Setúbal.
O monumento, da autoria do escultor Castro Lobo, é de bronze e mármore branco.
O poeta Calafate, como carinhosamente é recordado em Setúbal, era um homem analfabeto (iletrado), mas os seus poemas são uma constante lição de sabedoria. São dele os versos que se transcreve, verdadeiro resumo de uma vida inteira, inscritos no pedestal do seu busto (acima ao lado):

"Nunca fui mal procedido.
Nunca fiz mal a ninguém.
Se acaso fiz algum bem
não estou disso arrependido.
Se mau pago tenho tido,
são defeitos pessoais.
Todos seremos iguais
no reino da eternidade.
Na balança da igualdade
Deus sabe quem pesa mais."


********************

Biografia


Poeta popular de Setúbal, que nasceu a 15 de Dezembro de 1820 e morreu a 22 de Novembro de 1911. Tinha por ofício o calafeto de barcos no Sado. Apesar de ser analfabeto, criava de improviso cantigas sentimentais, ou satíricas, que eram acompanhadas à guitarra. Outros tipos de canções podiam ser de homenagem a pessoas por quem nutria admiração, ou ainda, quando ocorriam festas e procissões.
Quando já lhe não era possível continuar o trabalho de calafeto, e não tendo outro meio de subsistência, as suas canções foram editadas e vendidas em folhetos, por ele próprio e pelos amigos durante ocasiões festivas e comemorações religiosas, tanto na região de Setúbal, como noutras. Muita da sua produção literária era conservada através dos amigos que memorizavam rimas suas ou então as escreviam, tendo "o Calafate" atingido com elas grande notariedade. Diversos jornais, a título de exemplo, o Jornal de Setúbal, em 1868, difundiram as suas criações poéticas. Em 1901, foi publicada uma compilação de versos deste poeta, juntamente com algumas notas biográficas e um prefácio elogioso de Guerra Junqueiro; essa edição deveu-se à iniciativa do General Henrique das Neves. Durante as comemorações da morte do poeta Bocage, em 1905, foram editados em folheto, versos de António Maria Eusébio, dedicados àquele poeta.

Fonte de informação
CNC / Patrimatic

**********************



A QUINTA DA PANASQUEIRA

MOTE

Fui apalpar as gamboas
Que a quinteira tem na quinta,
Já tem marmelos maduros,
O seu bastardo já pinta.

GLOSA

Sou mestre na agricultura,
meu saber ninguém disputa,
gosto de apalpar a fruta
quando está quase madura…
Gosto do que tem doçura;
Quero e gosto das mais pessoas
para apalpar coisas boas
da quinta da Panasqueira,
com licença da quinteira,
fui apalpar as gamboas.

Por toda a parte que andei
dei cambalhotas e saltos,
depois de apalpar pelos altos
pelos baixos apalpei.
Por toda a parte encontrei
fruta branca e fruta tinta;
para que a dona não se sinta
nunca direi mal da boda,
apalpei a fruta toda
que a quinteira tem na quinta.

Neste tão lindo arvoredo
não há fruta como a sua,
foi criada em boa lua
para amadurecer mais cedo.
Menina, não tenha medo
que os seus frutos estão seguros,
ou sejam moles ou duros
todos a têm em estima,
na sua quinta de cima
já tem marmelos maduros.

Tem uma árvore escondida
Num regato ao pé de um poço,
que dá fruta sem caroço
chamada gostos da vida.
Dessa fruta pretendida
que a menina tem na quinta,
se acaso tem uva tinta
a menina dê-me um cacho,
que na sua quinta de baixo
o seu bastardo já pinta.
  


A RESPOSTA DA QUINTEIRA

MOTE

Fui apalpar os tomates
que tinha o meu hortelão,
mostrou-me o nabal que tinha,
meteu-me o nabo na mão.

GLOSA

Sou mestra na agricultura,
tenho terra para cavar,
gosto sempre de apalpar
se a enxada é mole ou dura.
Ser amiga da verdura
não são nenhuns disparates;
enchi alguns açafates
de tomateiros de cama
depois de apalpar a rama
fui apalpar os tomates.

As sementes tomateiras
nascem por dentro e por fora
semeiam-se a toda a hora
dentro de fundas regueiras.
Tão brilhantes sementeiras
dão gosto e satisfação.
Dentro do meu regueirão
dão-me as ramas pelos joelhos
que tomates tão vermelhos
que tinha o meu hortelão!

Só de vê-los e apalpá-los
faz andar a gente louca
faz crescer água na boca
e a língua dar estalos.
Meu hortelão tem regalos,
tem hortaliça fresquinha
no vale da carapinha
tem um tomateiro macho,
abriu-me a porta de baixo
mostrou-me o nabal que tinha.

Tinha grelos e nabiças,
tinha tomates graúdos,
tinha nabos ramalhudos
com as cabeças roliças.
Tão brilhantes hortaliças
meteram-me a tentação;
era franco o hortelão,
deu-me uma couve amarela
para me dar gosto à panela,
meteu-me o nabo na mão.



RESPOSTA AO PESCADOR

MOTE

Tu pescas e eu apanho
Quanto tu pescas eu caço,
Tu pescas para o teu chalrão,
Eu apanho para o meu laço.

GLOSA

Tu rapaz eu rapariga
Tu petiscas e eu petisco,
Tu no mar pescas marisco
E eu em terra apanho espiga.
Tu de cu e eu de barriga,
Se banhas também eu banho,
Tu perdes, eu sempre ganho,
Tu tens pau e eu tenho a risca,
Tu tens pesca e eu tenha a isca,
Tu pescas e eu apanho.

Tu em certas madrugadas
Fazes a pesca geral,
E eu dentro de qualquer nabal
Apanho boas nabadas.
Tu pescas coisas salgadas,
Eu apanho algum cabaço,
Tu abaixas o regaço,
Eu sou fêmea e tu és macho,
Eu para cima e tu para baixo
Quando tu pescas eu caço.

Tu és pescador de fé,
Vais pescar a várias partes,
E eu vou apanhar tomates
Quando vejo dois num pé.
Para nós sempre há maré,
Nunca falta ocasião,
Com iscas de lingueirão
Vais pescar a qualquer Tejo
Camareiras com badejo,
Tu pescas para o teu chalrão.

Tu pescas peixes taludos,
Na pesca fazes empenho,
Eu com um bom laço que tenho
Apanhos pássaros papudos.
São iguais nossos estudos,
É igual o nosso passo,
Com as armadilhas que faço
Tenho a passarada certa,
Tendo a ratoeira aberta,
Eu apanho para o meu laço.



JÁ FUI OPERÁRIO ARTISTA

MOTE

Já fui operário artista
Agora, já pouco valho;
Comprem-me algum papelinho,
Em paga do meu trabalho.

GLOSA

Já gozei a mocidade
Esse bem tão precioso,
Fui homem laborioso
E trabalhei de vontade.
Já servi na sociedade,
Já fui homem moralista,
O meu vulto já fez vista
No seio das classes pobres,
Já fui nobre ao pé dos nobres,
Já fui operário artista.

Já tive as mãos calejadas
Do muito que trabalhei,
Meus braços atormentei
Com ferramentas pesadas.
Tive horas amarguradas,
Joguei, rasguei o baralho,
Hoje apanho algum retalho
Que a ambição deixa cair,
P'ra pouco posso servir,
Agora já pouco valho.

Até ando ameaçado
De fome ainda passar,
Por a um homem estimar,
A quem estou obrigado.
Sou pobre velho e cansado,
Estou no fim do meu caminho;
Porque sou do Zé povinho,
Não devo ser esquecido,
Seja qual for o partido,
Comprem-me algum papelinho.

Nunca fiz ruins papeis
Nem andei pondo cartazes
Nem atirei aos rapazes
Com moedas de dez réis.
Falem, pois, os infiéis,
Chamem-me velho, espantalho;
Como, agora já não valho
De tabaco uma pitada,
Levo alguma bofetada
Em paga do meu trabalho.



CANTIGA

MOTE

Foi a maçã da ciência
O fruto que Deus proibiu;
Só se pagou com a morte:
Bem cara a todos saiu!

GLOSA

Adão foi o que se via
Rei, senhor de todo o mundo:
Não tinha rival segundo,
Tinha tudo quanto q'ria.
Até Deus lhe aparecia
Com a sua omnipotência:
No jardim da inocência
Toda a ventura lhe deu;
Somente o que não foi seu
Foi a maçã da ciência.
Sem rival foi Satanás,
P'ra acabar co'a f'licidade,
Por ser da humanidade
Um inimigo sagaz:
Com a astucia perspicaz
A nossos pais seduziu,
Mas Adão não engoliu,
Ficou-lhe o nó na garganta,
Porque era a maçã santa
O fruto que Deus proibiu.
P'ra o nosso pai desgraçado
Nada mais lhe foi preciso
P'ra sair do Paraíso,
A mil males condenado,
A' morte sentenciado,
Por esta pena tão forte!
E toda a adversa sorte
Sofre Adão com paciência,
Porque a desobediência
Só se pagou com a morte.
O mundo todo se encheu
De uma glória vã...
Por causa de uma maçã
Que nem toda Adão comeu,
Tudo o que é vivo morreu!
À morte ninguém fugiu!
Se o fruto que Deus proibiu
É ferro que a todos mata...
Sendo a maçã tão barata,
Bem cada a todos saiu!

sexta-feira, 3 de junho de 2016

João Pinto Coelho - Sarah Gross

Dedicatória e autografo do autor João Pinto Coelho.
"Para o Francisco Oliveira com os votos de boas leituras e muita estima do autor"
Sinopse

Em 1968, Kimberly Parker, uma jovem professora de Literatura, atravessa os Estados Unidos para ir ensinar no colégio mais elitista da Nova Inglaterra, dirigido por uma mulher carismática e misteriosa chamada Sarah Gross. Foge de um segredo terrível e procura em St. Oswald’s a paz possível com a companhia da exuberante Miranda, o encanto e a sensibilidade de Clement e sobretudo a cumplicidade de Sarah. Mas a verdade persegue Kimberly até ali e, no dia em que toma a decisão que a poderia salvar, uma tragédia abala inesperadamente a instituição centenária, abrindo as portas a um passado avassalador. 
Nos corredores da universidade ou no apertado gueto de Cracóvia; à sombra dos choupos de Birkenau ou pelas ruas de Auschwitz quando ainda era uma cidade feliz, Kimberly mergulha numa história brutal de dor e sobrevivência para a qual ninguém a preparou.
Rigoroso, imaginativo e profundamente cinematográfico, com diálogos magistrais e personagens inesquecíveis, Perguntem a Sarah Gross é um romance trepidante que nos dá a conhecer a cidade que se tornou o mais famoso campo de extermínio da História. A obra foi finalista do prémio LeYa em 2014.

Aconselho vivamente a leitura deste magnifico livro, foi dos melhores livros que li ultimamente.

O autor João Pinto Coelho apresentando a sua obra na Livraria A das Artes em Sines.
Sessão de autógrafos dada pelo escritor.
O escritor com o amigo e livreiro Joaquim Gonçalves.

Marcador de Livros - Sarah Gross


Marcador do livro de Sarah Gross de João PintoCoelho da editora Leya.Aconselho vivamente a leitura deste magnifico livro.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Marcador de Livros - Günter Grass - A Ratazana


 Marcador do livro A Ratazana de Günter Grass prémio Nobel da Literatura.

A Ratazana

Sinopse

O livro conta-nos a história, ou histórias, do fim da era humana, e tem como um dos seus protagonistas uma ratazana, representante de uma espécie que pressente e sobrevive a todas as desgraças, abandona os navios que vão naufragar e nos acompanha desde que surgimos no planeta. Num incessante confronto com a voz glacial do rato, o autor luta por chegar ao fim das suas narrativas, na consciência de que talvez reste pouco tempo para serem contadas e ouvidas, uma vez que se aproxima o momento em que terão fim todas as histórias

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Marcador de Livros - Valter Hugo Mãe



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 Valter Hugo Mãe é um dos mais destacados autores portugueses da atualidade. A sua obra está traduzida em variadíssimas línguas, merecendo um prestigiado acolhimento em países como o Brasil, a Alemanha, a Espanha, a França ou a Croácia.Publicou seis romances: A desumanização; O filho de mil homens; a máquina de fazer espanhóis (Grande Prémio Portugal Telecom Melhor Livro do Ano e Prémio Portugal Telecom Melhor Romance do Ano); o apocalipse dos trabalhadores; o remorso de baltazar serapião (Prémio Literário José Saramago) e o nosso reino.

Escreveu alguns livros para todas as idades, entre os quais: O paraíso são os outros; As mais belas coisas do mundo e O rosto. A sua poesia foi reunida no volume contabilidade, entretanto esgotado. Publica as crónicas Autobiografia Imaginária no Jornal de Letras e Casa de Papel na Revista 2, suplemento de domingo do jornal Público. Apresenta um programa de entrevistas breves no Porto Canal. Outras informações sobre o autor podem ser encontradas na sua página oficial no Facebook.
Texto: Wook


segunda-feira, 2 de maio de 2016

Marcadores de Livros - Storner


Marcador de livro referente ao romance Stoner, um romance publicado em 1965, caído no esquecimento mas que aconselho vivamente a sua leitura.

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Críticas de imprensa

«É uma coisa ainda mais rara do que um grande romance - é o romance perfeito, tão bem contado, tão bem escrito, tão comovente que nos corta a respiração.»
New York Times

«Williams fez da vida de Stoner, tão repleta de desilusões, um retrato tão profundo e honesto, tão cru e despojado de romantismo, que silenciosamente nos corta a respiração.»
Boston Globe


Outras Críticas

«Stoner não passa de um romance sobre um tipo que vai para a universidade e se torna professor. Mas é também uma das coisas mais fascinantes que já vi na vida.»
Tom Hanks

«Não percebo como é que um romance tão bom passou despercebido tanto tempo.»
Ian McEwan

«Quase perfeito.»
Bret Easton Ellis

«Um romance formidável de uma latejante tristeza.»
Julian Barnes

«Um dos grandes romances esquecidos do século passado.»
Colum McCann

«Magnificamente escrito, numa prosa simples mas brilhante.»
Ruth Rendell

«Brilhante, belo, inexoravelmente triste, sábio e elegante.»
Nick Hornby

«O autor (...) trata as suas personagens com tamanha ternura e implacável honestidade que é impossível não as amar.»
Steve Almond

«Íntimo e misterioso como a própria vida.»
Geoff Dyer

«Uma obra-prima de triste lucidez.»
Peter Kemp

«Muito poucos romances na língua inglesa, ou qualquer outro tipo de produção literária, se lhe aproximam sequer ao nível da sabedoria ou enquanto obra de arte.»
C. P. Snow



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